Ai, tuas mãos carregadas de rosas! São mais puras
tuas mãos do que as rosas. E entre as folhas brancas,
surgem como se fossem estilhaços de estrelas,
asas de mariposas alvas, sedas cândidas.
Caíram-te da Lua? Ou acaso brincaram
numa Primavera celestial? São de alma?
... Têm vago esplendor de lírios de outro mundo;
deslumbram o que sonham, refrescam o que cantam.
Minha fronte serena-se, como um véu vespertino,
quando tu com as tuas mãos entre suas nuvens andas;
se as beijo, a púrpura brasa desta boca
empalidece do seu branco de pedra de água.
Tuas mãos entre sonhos! Atravessam, quais pombas
de fogo branco, minhas visões turvas,
e, na aurora, abrem-me, como com luz de ti,
a claridade suave do oriente de prata.
Juan Ramón Jimenez
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