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28/03/12

Duas Palavras


Esta noite ao ouvido me disseste duas palavras
comuns. Duas palavras cansadas
de ser ditas. Palavras
que de tão velhas são novas.

Duas palavras tão doces que a lua que andava
filtrando-se entre a ramagem
se deteve em minha boca. Tão doces duas palavras
que uma formiga passeia por meu pescoço e não tento
mover-me para expulsá-la.

Tão doces duas palavras
que digo sem querer: oh, que bela, a vida!
Tão doces e tão mansas
que óleos aromáticos sobre o corpo derramam.

Tão doces e tão belas
que, nervosos, meus dedos,
Se movem em direção ao céu, a imita tesouras.
Oh, meus dedos quiseram
cortar estrelas.


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