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16/05/12

Florbela Espanca


Enche o meu peito, num encanto mago, 
O frémito das coisas dolorosas... 
Sob as urzes queimadas nascem rosas... 
Nos meus olhos as lágrimas apago... 

Anseio! Asas abertas! O que trago 
Em mim? Eu oiço bocas silenciosas 
Murmurar-me as palavras misteriosas 
Que perturbam meu ser como um afago! 

E, nesta febre ansiosa que me invade, 
Dispo a minha mortalha, o meu bruel, 
E já não sou, Amor, Soror Saudade... 

Olhos a arder em êxtases de amor, 
Boca a saber a sol, a fruto, a mel: 
Sou a charneca rude a abrir em flor!

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