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28/10/15

A Ciencia


Cada descoberta nova da ciência é uma porta nova pela qual encontro mais uma vez Deus, o autor dela

Albert Einstein

Pensamento...


Existem apenas duas coisas infinitas - o Universo e a estupidez humana. E sobre o Universo não tenho a certeza.

Albert Einstein

Talvez sonhasse, quando a vi


Talvez sonhasse, quando a vi. Mas via
Que, aos raios do luar iluminada
Entre as estrelas trêmulas subia
Uma infinita e cintilante escada.

E eu olhava-a de baixo, olhava-a... Em cada
Degrau, que o ouro mais límpido vestia,
Mudo e sereno, um anjo a harpa doirada,
Ressoante de súplicas, feria...

Tu, mãe sagrada! vós também, formosas
Ilusões! sonhos meus! íeis por ela
Como um bando de sombras vaporosas.

E, ó meu amor! eu te buscava, quando
Vi que no alto surgias, calma e bela,
O olhar celeste para o meu baixando ...

Olavo Bilac

Delírio


Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci...

Olavo Bilac

26/10/15

A natureza


~




A beleza da natureza, a câmara e o homem que faz um trabalho absolutamente fantástico.

A árvore




A árvore", de Geir Campos:

Ó árvore, quantos séculos levaste
a aprender a lição que hoje me dizes:
o equilíbrio, das flores às raízes,
sugerindo harmonia onde há contraste?

Como consegues evitar que uma haste
e outra se batam, pondo cicatrizes
inúteis sobre os membros infelizes?
Quando as folhas e os frutos comungaste?

Quantos séculos, árvore, de estudos
e experiências – que o vigor consomem
entre vigílias e cismares mudos –

demoraste aprendendo o teu exemplo,
no sossego da selva armada em templo,
E dize-me: há esperança para o Homem?

A Poesia




A poesia cruza a terra sozinha,
apoia sua voz no pesar do mundo
e nada pede nem sequer palavras.
Chega de longe e sem hora, nunca avisa;
Possui a chave da porta.

Ao entrar sempre se detém a fitar-nos.
Depois abre sua mão e nos entrega
uma flor ou um cascalho, algo secreto,
mas tão intenso que o coração palpita
demasiado veloz. E despertamos.

Eugénio Montejo

20/10/15

Livro aberto



Quero que tenhas muitas páginas
E versos difíceis de entender
Quero que me digas onde vais
E que nada fique por dizer…
Sei que não há lugares eternos.
Esta cadeira tem horas,
Há ficar e partir…
Há um entardecer
Para os vagares e demoras.
Até pode chover…
Abre e diz-me a teu jeito
Essa página, e outra, e outra,
Mas não, não me toques ainda.
Assim aberto
Fica
Perto
Mas não me toques ainda.
Deixa-me ler até ao fim.
Com os olhos, com o peito
Antes que o vento
Vire a página da decisão.
Quero ser eu
A tocar essas páginas
Que vou ler e anotar.
Mas por agora, quero ler-te
Só ler-te.
Quero amar-te devagar.


Carlos Campos

19/10/15

Sorriso




Falta-me ainda construir o poema
que sem rodeios cantará
a festa de estar contigo.
Entretanto, exploro um tema,
sedento de palavras que não há
para dizer o que digo:
o infindável tema do sorriso
que te marca o olhar.
E de nada mais preciso
para continuar.


Torquato da Luz

18/10/15

Trono




Pus-te num trono, que é o lugar onde
deve estar quem se ama, esse lugar
da alma que, sendo íntimo, não esconde
a aparência de altar
de uma igreja singular.
Mas, como a crença é sempre vacilante
e não se pode ter por adquirida,
hás-de saber que nada nos garante
que eu fique a venerar-te toda a vida.


Torquato da Luz

07/10/15

Há mulheres que trazem o mar nos olhos.



Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes
Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens…
Há mulheres que são maré em noites de tardes…
e calma

Sophia de Mello Breyner Andresen