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06/12/10

Soneto de Amor




 Não me peças palavras, nem baladas, 
 Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
 Deixa cair as pálpebras pesadas,
 E entre os seios me apertes sem receio.

 Na tua boca sob a minha, ao meio,
 Nossas línguas se busquem, desvairadas...
 E que os meus flancos nus vibrem no enleio
 Das tuas pernas ágeis e delgadas.

 E em duas bocas uma língua-unidos, 
 Nós trocaremos beijos e gemidos,
 Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois...abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada... 
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!

                                                        
José Régio



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