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04/12/10

Adoração






Vi o teu rosto lindo,
Esse rosto sem par;

Contemplei-o de longe
mudo e quedo,
Como quem volta de áspero degredo


E vê ao ar subindo
O fumo do seu lar!
Vi esse olhar tocante,
De um fluido sem igual;
Suave como lâmpada sagrada,

Bem-vindo como a luz da madrugada
Que rompe ao navegante
Depois do temporal!
Vi esse corpo de ave,
Que parece que vai
Levado como o Sol ou como a Lua


Sem encontrar beleza igual à sua;
Majestoso e suave,
Que surpreende e atrai!
Atrai e não me atrevo
A contemplá-lo bem;


Porque espalha o teu rosto
uma luz santa,
Uma luz que me prende
e que me encanta
Naquele santo enlevo
De um filho em sua mãe!


Tremo apenas pressinto
A tua aparição,
E se me aproximasse mais,
bastava
Pôr os olhos nos teus,
ajoelhava!
Não é amor que eu sinto,
É uma adoração!


Que as asas providentes
De anjo tutelar
Te abriguem sempre à sua sombra pura!
A mim basta-me só esta ventura
De ver que me consentes
Olhar de longe... olhar!

João de Deus



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